Ocupação na Rocinha

Tudo estrategicamente calculado: a invasão será esta madrugada.

Numa comunidade maior do que muitas cidades brasileiras, sabemos que há tanta gente trabalhadora, donas de casa, jovens, crianças e, neste tipo de situação, é claro, todos com medo.

O Rio de Janeiro não virou o celeiro do tráfico de drogas por causa das comunidades e de seus moradores; os responsáveis pela contaminação e disseminação do crime e das drogas não são os pais de família, muito menos as mães, em sua maioria domésticas, que cuidam das casas de pessoas mais abastadas.

A corrupção na polícia, a falta de incentivos e educação adequada às crianças, a falta de vergonha na cara dos governos, impunidade e a falta de uma legislação que trate o usuário como criminoso, são os ingredientes deste bolo que fez do Rio este lugar de caos.

Como os chefes do tráfico obtém tantas regalias nas penitenciárias? Como continuam comandando o tráfico, mesmo estando presos? Alguém, é claro, facilita as coisas.

O garotão do asfalto, que sai do seu "ap" bem vestido, tem oportunidades dadas pelos pais de ser "alguém na vida" e vai pra boca da favela comprar droga, é o que abastece de dinheiro a vida do crime. Quando vai preso, paga a fiança e, tudo bem... mas, e as consequências?

O dinheiro que sobe o morro é o mesmo que financia o crime, o tráfico de drogas e de armas. Portanto, o "mauricinho" também tem que ser preso e ficar. Usar ou não uma droga, é opcional e, começa quem quer. Depois de viciado, é a festa dos contraventores.

Daqui, através do teclado, meu coração se une aos milhares de corações apertados e com medo, de moradores da Rocinha. Une-se também aos corações dos policiais e de suas famílias; às milhares de mães que, seja de um lado ou de outro, temem por seus filhos nesta batalha que parece não ter fim.

Eu acredito na polícia, acredito nas pessoas de bem e peço a Deus que não haja resistência.

Com a prisão de Nem, muito do potencial do tráfico deve ter esmorecido. Ficou provado que existe policial que não vê dinheiro ilícito, mas, no meio do milhão, enxerga o traficante!

Ficou provado que nem tudo está perdido e o trabalho da delegada Martha Rocha nos faz pensar no quanto a integridade é capaz de gerar modificações definitivas na vida de uma cidade.

O Rio de Janeiro do Cristo Redentor, das belas praias e montanhas, será testemunha da ocupação da Rocinha. Todos seremos! Vamos pedir a Deus que não haja crianças feridas, que as pessoas de bem não sejam atingidas nem por balas, nem pela violência dos traficantes que, a essa hora, devem estar planejando sua fuga.

Vamos nos unir em um só coração, uma só fé, para que não haja banho de sangue, mas, que um rio de paz seja visto no lugar da guerra. Que haja uma rendição pacífica.

Sei que estou parecendo Poliana, mas, não suporto mais vez tanta gente inocente pagando com suas vidas, uma dívida que não é delas.

Queridos amigos da Rocinha; confiem em Deus e que haja paz, mesmo antes do raiar do sol de amanhã.

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